1.1 A Revolução Científica do século XVII
Os pensadores racionalistas do século XVII já podiam falar em “ciência” tal como a praticamos, em boa medida, ainda hoje. Para Francis Bacon (14561-1626), por exemplo, a teologia deixaria de ser a forma norteadora do pensamento. A autoridade, que exatamente constituía um dos alicerces da teologia, deveria, em sua opinião, ceder lugar a uma dúvida metódica, a fim de possibilitar um conhecimento objetivo da realidade. Para ele, o novo método de conhecimento, baseado na observação e na experimentação, ampliaria infinitamente o poder do homem e deveria ser estendido e aplicado ao estudo da sociedade. Partindo destas idéias, chegou a propor um programa para acumular os dados disponíveis e com eles realizar experimentos a fim de descobrir e formular leis gerais sobre a sociedade[1].
O racionalismo teria uma de suas expressões máximas com René Descartes (1596-1650), cuja obra Discurso sobre o Método, que partia do princípio fundamental da “dúvida metódica” para alcançar o conhecimento, chega a provar racionalmente a existência de Deus. Com alguma certeza cartesiana, ele temia não agradar à elite eclesiástica com seu pensamento científico.
Do século XVII em diante, os valores burgueses vão imiscuir-se por todas as esferas da vida social, passando a predominar não apenas na economia. A essa altura, estava consolidado um conjunto de fenômenos sociais e históricos entre si correlacionados e da maior relevância: a expansão colonial européia, a ascensão social definitiva da burguesia, a formação de estados nacionais unificados, a Revolução Comercial, a Reforma Protestante.
Apresentavam-se necessidades urgentes ao desenvolvimento científico: melhorar as condições de vida; ampliar a expectativa de sobrevivência humana a fim de engrossar as fileiras de consumidores e, principalmente, de mão-de-obra disponível; mudar os hábitos sociais e formar uma mentalidade receptiva às inovações técnicas, conforme Costa[2]. Podemos observar que essas são as mesmas necessidades das sociedades burguesas que se tornariam dominantes a partir do século XVIII na Europa, baseadas na defesa das “liberdades individuais”.
[1] Martins, Carlos B. O que é Sociologia. Coleção Primeiros Passos, n.º 57 São Paulo: Brasiliense, 1983, p. 18-19.
[2] Id. ib., p. 27.
segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010
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