segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

O Mito da Caverna de Platão

Faça o download grátis deste arquivo acadêmico. Platão e o Mito da Caverna O mito da caverna narrado por Platão no livro VII do Republica é, talvez, ...www.ebah.com.br

O Discurso do Método

Temos disponível para download gratuito na internet O Discurso do Método de René Descartes na tradução de jacó guinsburg e bento prado jr., ...naogostodeplagio.blogspot.com/.../o-discurso-do-metodo-para-download.html - Em cache - Similares -

A revolução científica do séc.XVII

1.1 A Revolução Científica do século XVII
Os pensadores racionalistas do século XVII já podiam falar em “ciência” tal como a praticamos, em boa medida, ainda hoje. Para Francis Bacon (14561-1626), por exemplo, a teologia deixaria de ser a forma norteadora do pensamento. A autoridade, que exatamente constituía um dos alicerces da teologia, deveria, em sua opinião, ceder lugar a uma dúvida metódica, a fim de possibilitar um conhecimento objetivo da realidade. Para ele, o novo método de conhecimento, baseado na observação e na experimentação, ampliaria infinitamente o poder do homem e deveria ser estendido e aplicado ao estudo da sociedade. Partindo destas idéias, chegou a propor um programa para acumular os dados disponíveis e com eles realizar experimentos a fim de descobrir e formular leis gerais sobre a sociedade[1].
O racionalismo teria uma de suas expressões máximas com René Descartes (1596-1650), cuja obra Discurso sobre o Método, que partia do princípio fundamental da “dúvida metódica” para alcançar o conhecimento, chega a provar racionalmente a existência de Deus. Com alguma certeza cartesiana, ele temia não agradar à elite eclesiástica com seu pensamento científico.
Do século XVII em diante, os valores burgueses vão imiscuir-se por todas as esferas da vida social, passando a predominar não apenas na economia. A essa altura, estava consolidado um conjunto de fenômenos sociais e históricos entre si correlacionados e da maior relevância: a expansão colonial européia, a ascensão social definitiva da burguesia, a formação de estados nacionais unificados, a Revolução Comercial, a Reforma Protestante.
Apresentavam-se necessidades urgentes ao desenvolvimento científico: melhorar as condições de vida; ampliar a expectativa de sobrevivência humana a fim de engrossar as fileiras de consumidores e, principalmente, de mão-de-obra disponível; mudar os hábitos sociais e formar uma mentalidade receptiva às inovações técnicas, conforme Costa[2]. Podemos observar que essas são as mesmas necessidades das sociedades burguesas que se tornariam dominantes a partir do século XVIII na Europa, baseadas na defesa das “liberdades individuais”.
[1] Martins, Carlos B. O que é Sociologia. Coleção Primeiros Passos, n.º 57 São Paulo: Brasiliense, 1983, p. 18-19.
[2] Id. ib., p. 27.

Os teóricos clássicos da Sociologia

Durkheim e os Fatos Sociais


Para o sociólogo francês Émile Durkheim (1858-1917), a sociedade prevalece sobre o indivíduo. A sociedade é , para esse autor, um conjunto de normas de ação, pensamento e sentimento que não existem apenas nas consciências dos indivíduos, mas que são construídas exteriormente, isto é, fora das consciências individuais. Em outras palavras, na vida em sociedade o homem defronta com regras de conduta que não foram diretamente criadas por ele, mas que existem e são aceitas na vida em sociedade, devendo ser seguidas por todos. Sem essas regras, a sociedade não existiria, e é por isso que os indivíduos devem obedecer a elas.

As leis são um bom exemplo do raciocínio de Durkheim. Em toda sociedade existem leis que organizam a vida em conjunto. O indivíduo isolado não cria leis nem pode modificá-las. São as gerações de homens que vão criando e reformulando coletivamente as leis. Essas leis são transmitidas para as gerações seguintes na forma de códigos, decretos, constituições, etc. Como indivíduos isolados, temos de aceitá-las, sob pena de sofrer castigos por violá-las.

Seguindo essas idéias, Durkheim afirmará que os fatos sociais, ou seja, o objeto de estudo da sociologia, são justamente essas regras e normas coletivas que orientam a vida dos indivíduos em sociedade. Tais fatos sociais são diferentes dos fatos estudados por outras ciências por terem origem na sociedade, e não na natureza (como nas ciências naturais) ou no indivíduo (como na psicologia).

Esses fatos sociais têm duas características básicas que permitirão sua identificação na realidade: são exteriores e coercitivos.

Exteriores, porque consistem em idéias, normas ou regras de conduta que não são criadas isoladamente pelos indivíduos, mas foram criadas pela coletividade e já existem fora de nós quando nascemos.

Coercitivos, porque essas idéias, normas e regras devem ser seguidas pelos membros da sociedade. Se isso não acontece, se alguém desobedece a elas, é punido, de alguma maneira, pelo resto do grupo.

É justamente a educação um dos exemplos preferidos por Durkheim para mostrar o que é um fato social. O indivíduo, segundo ele, não nasce sabendo previamente as normas de conduta necessárias para a vida em sociedade. Por isso toda sociedade tem de educar seus membros, fazendo com que aprendam as regras necessárias à organização da vida social. As gerações adultas transmitem às crianças e aos adolescentes aquilo que aprenderam ao longo de sua vida em sociedade. Com isso, o grupo social é perpetuado, apesar da morte dos indivíduos.

O que a criança aprende na escola? Idéias, sentimentos e hábitos que ela não possui quando nasce, mas que são essenciais para a vida em sociedade. A linguagem, por exemplo, é aprendida, em grande medida, na escola. Ninguém nasce conhecendo a língua de seu país. É necessário um aprendizado, que começa já nos primeiros dias de vida e se prolonga no decorrer dos muitos anos na escola, para que a criança consiga se comunicar de maneira adequada com seus semelhantes. Sem o aprendizado da linguagem, a criança não poderia participar da vida em sociedade.

Outro conceito importante para Durkheim é o de instituição. Para ele, uma instituição é um conjunto de normas e regras de vida que se consolidam fora dos indivíduos e que as gerações transmitem umas às outras. Há ainda muitos outros exemplos de instituições: a Igreja, o Exército, a família, etc.

Assim, para Durkheim é a sociedade, como coletividade, que organiza, normas e regras de ação que lhe são exteriores – ou seja, que não foram criadas por ele – e são coercitivas – limitam sua ação e prescrevem punições para quem não obedecer aos limites sociais. As instituições socializam os indivíduos, fazem com que eles assimilem as regras e normas necessárias à vida em comum.

As idéias de Durkheim acerca da sociedade também irão levá-lo a propor um certo método para a sociologia. O método de uma ciência consiste no conjunto de regras que o pesquisador deve seguir para realizar, de maneira correta, suas pesquisas. Como Durkheim enfatiza o caráter exterior e coercitivo dos fatos sociais, ele colocará como regra básica de seu método que o pesquisador deve analisar os fatos sociais como se eles fossem coisas, isto é, como se fossem objetos que existem independentemente de nossas idéias e vontades. Com isso, Durkheim enfatiza a posição de neutralidade e objetividade que o pesquisador deve Ter em relação à sociedade: ele deve descrever a realidade social, sem deixar que suas idéias e opiniões interfiram na observação dos fatos sociais.


Weber e a Ação Social

Enquanto para Durkheim a ênfase da análise recai na sociedade, para o sociólogo alemão Max Weber (1864-1920) a análise estará centrada nos atores e em suas ações.

Para Weber, a sociedade não seria algo exterior e superior aos indivíduos, como em Durkheim. Para ele, a sociedade pode ser compreendida a partir do conjunto das ações individuais reciprocamente referidas. Por isso, Weber define como objeto da sociologia a ação social. O que é uma ação social? Para Weber é qualquer ação que o indivíduo faz orientando-se pela ação de outros. Recordemos o exemplo já colocado do eleitor. Ele define seu voto orientando-se pela ação dos demais eleitores. Ou seja, temos a ação de um indivíduo, mas essa ação só é compreensível se percebemos que a escolha feita por ele tem como referência o conjunto dos demais eleitores.

Assim, Weber dirá, que toda vez que se estabelecer uma relação significativa, isto é, algum tipo de sentido entre várias ações sociais, teremos então relações sociais. Só existe ação social quando o indivíduo tenta estabelecer algum tipo de comunicação, a partir de suas ações, com os demais.

Nem toda ação, desse ponto de vista, será social, mas apenas aquelas que impliquem alguma orientação significativa visando outros indivíduos. Weber dá um interessante exemplo. Imaginemos dois ciclistas que andam na mesma rodovia em sentidos opostos. O simples choque entre eles não é uma ação social. Mas a tentativa de se desviarem um do outro já pode ser considerada uma ação social, uma vez que o ato de desviar-se para um lado já indica para o outro a intenção de evitar o choque, esperando uma ação semelhante como resposta. Estabelece-se, assim, uma relação significativa entre ambos.

A partir dessa definição, Weber afirmará que podemos pensar em diferentes tipos de ação social, agrupando-as de acordo com o modo pelo qual os indivíduos orientam suas ações. Assim, ele estabelece quatro tipos de ação social:

1. Ação tradicional: aquela determinada por um costume ou um hábito arraigado.
2. Ação afetiva: aquela determinada por afetos ou estados sentimentais.
3. Racional com relação a valores: determinada pela crença consciente num valor considerado importante, independentemente do êxito desse valor na realidade.
4. Racional com relação a fins: determinada pelo cálculo racional que coloca fins e organiza os meios necessários.

Vejamos, com um exemplo, como essas diferentes categorias podem ajudar a compreender melhor as ações sociais.

Pensemos agora num consumidor que vai comprar um par de tênis numa loja. Sua ação é uma ação social, pois o ato de comprar alguma coisa é significativo. O indivíduo escolhe o objeto que irá comprar orientando-se pela ação de outros consumidores. O problema é como o consumidor orienta sua ação na compra do tênis.

Ele pode comprar o modelo de que mais goste, ou seja, aquele que, emocionalmente, é levado a escolher. Nesse caos, temos uma ação afetiva.

Sua escolha, porém, pode ser de outra natureza. Ele pode adquirir o tênis que tradicionalmente compra, que todos na sua família também estão acostumados a comprar. Então sua ação será tradicional.

Numa terceira possibilidade, ele pode comprar o tênis pelo valor que ele atribui a determinada marca. Aqui, ele toma a marca do tênis como o valor, independentemente de especulações acerca da utilidade ou do preço do artigo. Sua ação será, aqui, racional com relação a valores: a marca é vista como um valor absoluto que orienta sua ação.

E, finalmente, poderá comprar o tênis que estiver mais de acordo com o fim proposto. Se ele vai jogar vôlei, procurará o tênis mais adequado para esse esporte, considerando também o preço mais acessível. Aqui ele estará agindo racionalmente com respeito a fins.

A partir do exemplo, percebemos que a idéia de Weber é que as ações sociais poderão ser mais bem compreendidas a partir dos tipos de ação social criados por ele. E embora na realidade muitas vezes sejamos levados a escolher movidos por interesses que remetem a vários desses tipos, no geral podemos definir qual a forma de orientação acaba sendo determinante. No caso do comprador de tênis, ele tanto pode ser levado a escolher uma marca pelo seu valor em si quanto pelo apelo emocional que a marca tem. Devem-se, pois, pensar as ações sociais como podendo ser enquadradas em um só tipo, ou na combinação de vários tipos.

Tanto na conceituação da ação social como na definição de seus diferentes tipos, podemos perceber que Weber não analisa as regras e normas sociais como exteriores aos indivíduos. Pelo contrário, as normas e regras sociais são o resultado do conjunto de ações individuais, sendo que os agentes escolhem, o tempo todo, diferentes formas de conduta. As idéias coletivas, como o Estado, o mercado econômico, as religiões, só existem porque muitos indivíduos orientam reciprocamente suas ações num determinado sentido. Estabelecem, dessa forma, relações sociais que têm de ser mantidas continuamente pelas ações individuais.

Consequentemente, a concepção de método em Weber também será diferente da de Durkheim. Weber enfatiza o papel ativo do pesquisador em face da sociedade. Os tipos de ação social propostos por Weber por exemplo, são construções teóricas que servem para tornar compreensíveis certas ações dos agentes sociais. Outros pesquisadores podem construir tipos diferentes para explicar formas de ações sociais que não possam ser compreendidas pelos tipos propostos por Weber. As construções teóricas de cada cientista dependem, assim de escolhas pessoais que devem ser feitas visando aos aspectos da realidade que se quer explicar. Desse ponto de vista, portanto, não é possível uma neutralidade total do cientista em relação à sociedade.


Marx e as Classes Sociais

O pensador alemão Karl Marx (1818-1883) também contribuiu para a discussão da relação entre indivíduo e sociedade. Diferentemente de Durkheim e Weber, considerava que não se pode pensar a relação indivíduo-sociedade separadamente das condições materiais em que essas relações materiais em que essas relações se apóiam. Para ele, as condições materiais de toda a sociedade condicionam as demais relações sociais. Em outras palavras, para viver, os homens têm de, inicialmente, transformar a natureza, ou seja, comer, construir abrigos, utensílios, etc., sem o que não poderiam existir como seres vivos. Por isso, o estudo de qualquer sociedade deveria partir justamente das relações sociais que os homens estabelecem entre si para utilizar os meios de produção e transformar a natureza. Essas relações sociais de produção, são a base que condiciona todo o resto da sociedade. Para Marx, portanto, a produção é a raiz de toda a estrutura social. Na sociedade antiga, por exemplo, a relação social básica era a relação senhor-escravo. Não podemos, segundo Marx, entender a política ou a cultura dessa época sem primeiramente estudar essa relação básica que condicionava todo o resto da sociedade.

Mas o objetivo maior de Marx não era elaborar uma teoria geral sobre a sociedade, e sim estudar a sociedade de seu tempo – a sociedade capitalista. Segundo Marx, na sociedade capitalista as relações sociais de produção definem dois grandes grupos dentro da sociedade: de um lado, os capitalistas, que são aquelas pessoas que possuem os meios de produção (máquinas, ferramentas, capital, etc.) necessários para transformar a natureza e produzir mercadorias, do outro, os trabalhadores, também chamados, no seu conjunto, de proletariado, aqueles que nada possuem, a não ser o seu corpo e a sua disposição para trabalhar. A produção na sociedade capitalista só se realiza porque capitalistas e trabalhadores entram em relação. O capitalista paga ao trabalhador um salário para que trabalhe para ele e, no final da produção, fica com o lucro (nos próximos capítulos será discutido o conceito de mais-valia). Esse tipo de relação entre capitalista e trabalhadores leva à exploração do trabalhador pelo capitalista. Por isso, Marx considerava que havia um permanente conflito entre essas duas classes – conflito que não é possível resolver dentro da sociedade capitalista.

Assim, o conceito de classe em Marx estabelece um grupo de indivíduos que ocupam uma mesma posição nas relações de produção, em determinada sociedade. A classe a que pertencemos é que condiciona, de maneira decisiva, nossa atuação social. Lembremos nosso exemplo de greve: patrão e empregado eram amigos, mas no momento em que ocorre a greve, quando o conflito entre as classes se torna evidente, eles ficam em lados opostos, pois pertencem a classes diferentes e têm interesses diferentes. Nesse sentido, é principalmente a situação de classe que condiciona a existência do indivíduo e sua relação com o resto da sociedade. Podemos compartilhar idéias e comportamentos de indivíduos de outras classes, mas nos momentos de conflito, como nas greves, as diferenças irão aparecer de acordo com a classe a que pertencemos.

Em termos de método, Marx enfatiza que o pesquisador não deve se restringir à descrição da realidade social, mas deve também se ater à análise de como essa realidade se produz ao longo da história. Por exemplo, em relação às classes na sociedade capitalista não basta a descrição das duas classes sociais existentes – a capitalista e a dos trabalhadores -, mas é preciso mostrar a maneira como essas classes surgiram na história, como o conflito entre elas se mantém e quais as possibilidades de transformação dessas relações de classe no futuro. Mostrando as possibilidades de transformação da realidade social, o cientista social pode desempenhar um papel político revolucionário, ao tomar partido da classe trabalhadora. Por isso, em Marx, a ciência tem um papel político necessariamente crítico em relação à sociedade capitalista, devendo ser um instrumento não só de compreensão mas também de transformação da realidade.

Através da exposição rápida dos conceitos desses três autores, podemos perceber que eles estavam tentando compreender a sociedade de sua época, e para isso elaboraram e utilizaram conceitos como os de fato social, ação social e classe social. De alguma maneira todos estavam interessados em pensar a relação entre indivíduo e sociedade no mundo moderno. As explicações a que chegaram, porém, são bastante diferentes dependendo do que é estabelecido como central: se o indivíduo, se a sociedade ou se a relação entre ambos.

Essas divergências entre as explicações indicam justamente complexidade dos problemas colocados pelas novas condições de vida do mundo moderno e as diferentes possibilidades de interpretação dessas novas condições. Até hoje a sociologia trabalha a partir dos conceitos elaborados anteriormente, assim como com muitos outros conceitos e teorias posteriores. O debate entre as diferentes teorias, portanto, é característico do pensamento sociológico. Sem esse debate, nossa compreensão da sociedade seria mais limitada.

A partir dos conceitos sociológicos vistos anteriormente, podemos abordar de uma nova maneira as situações e os problemas da vida cotidiana. Trabalhando com esses conceitos, não mais estaremos no campo do senso comum, mas no da ciência.


Bibliografia
TOMAZI, Nelson Dácio – Iniciação à Sociologia – 4ª ed. – São Paulo, Atual, 1994.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Pequena história das Ciências Sociais

Pequena História das Ciências Sociais

Durante milhares de anos os homens vêm refletindo sobre os grupos e as sociedades em que vivem, procurando compreendê-los.
As primeiras tentativas de compreender as forças sociais não tiveram êxito. Tais tentativas baseavam-se mais na imaginação, na fantasia, na especulação, do que na investigação científica dos fenômenos. Recordariam, por exemplo, a deuses e heróis para explicar certos fenômenos sociais. Assim, para os gregos, Zeus, senhor dos homens e dos deuses, era os deuses justiceiros e bons, que mantinha a ordem no mundo moral e físico. Hera, esposa de Zeus, protegia o casamento e era a divindade tutelar da vida familiar.
Ainda na Antigüidade, durante a Idade Média e até o início da Idade Moderna, as tentativas de explicação da sociedade foram muito influenciadas pela filosofia e pela religião, as quais propunham normas para melhorar a sociedade de acordo com seus princípios.
Essas primeiras tentativas de estudos sistemáticos sobre a sociedade humana começaram com os filósofos gregos Platão (427-347 a.C.), em seu livro República, e Aristóteles (384-322 a.C.), com a obra Política. É de Aristóteles a afirmação de que “o homem nasce para viver em sociedade”.
Na Idade Média, como acontecia na Antigüidade, os filósofos continuaram a descrever a sociedade em que viviam e a propor normas para que o homem vivesse numa sociedade ideal. Santo Agostinho, por exemplo, na sua obra A cidade de Deus, achava que os homens viviam na cidade onde reinava o pecado. Propunha então normas para se viver numa cidade onde não houvesse pecado. Obras como essa descreviam a sociedade humana de uma perspectiva religiosa muito acentuada.
Com o Renascimento, começaram a surgir autores que trataram os fenômenos sociais num nível mais realista. Assim, escreveram sobre a sociedade de sua época: Maquiavel, em O príncipe; Tomás Morus, em Utopia; Tomaso Campanella, em Cidade do Sol; Francis Bacon, em Nova Atlântida.
Mais tarde, outras obras importantes, fruto da reflexão sobre a sociedade, deram grande contribuição ao desenvolvimento das Ciências Sociais. Entre elas, destacam-se O elogia da loucura, de Erasmo de Roterdã, e O Leviatã, de Tomás Hobbes.
Já no século XVIII, um avanço importante para a análise mais realista da sociedade foi à contribuição de Giambattista Vico, com sua obra A nova ciência. Nela, Vico afirma que a sociedade se subordinada a leis definidas, que podem ser descobertas pelo estudo e pela observação objetiva. Sua formulação “O mundo social é, com toda certeza. Obra do homem” foi um conceito totalmente revolucionário para a época. Alguns anos depois, Jean-Jacques Rousseau reconheceu a decisiva influência da sociedade sobre o indivíduo: em O contrato social, ele afirma que “o homem nasce puro e a sociedade é que o corrompe”.
Contudo, foi no século XIX – com Augusto Comte, Herbert Spencer, Gabriel Tarde e, principalmente, Émile Durkheim, Max Weber e Karl Marx – que a investigação dos fenômenos sociais ganhou um caráter verdadeiramente científico.


Bibliografia:
OLIVEIRA,Pérsio Santos. Introdução à Sociologia. 25ª edição, São Paulo. Editora Ática, 2004.